Persuadido, com fortes razões, de ser o último de um mundo, e unanimemente reconhecido como o primeiro de outro, Yves Saint Laurent se coloca como verdadeiro elo de ligação entre a moda de ontem e a de hoje” – François Baudot In: Moda do Século, Editora Cosacnaify, p. 194.
Na recente história da Moda do século XX, Coco Chanel revolucionou o guarda-roupa feminino com a praticidade esportiva, e Christian Dior extremou a matemática da alta costura, seguindo a linha do pioneiro Charles Frederick Worth. Herdeiro de Dior, o estilista franco-argelino Yves Saint Laurent, por sua vez, foi uma espécie de espírito raro, de transição e passagem, que soube conceber uma linguagem própria a partir dos dois mestres franceses. Para analisar a obra e a vida do costureiro morto em 2008, o pesquisador em Filosofia pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Brunno Almeida Maia e o chapeleiro Eduardo Laurino (FASM – Faculdade Santa Marcelina) do projeto de pesquisa “A Literatura e a Moda”, promovem no
dia 9 de dezembro, quarta-feira, das
19h às 22h, a palestra
”O último romântico: YSL, a criação, a melancolia e o amor”, na ONG BibliASPA, no bairro de
Santa Cecília, em São Paulo.
Com entrada colaborativa, e apenas 30 (trinta) vagas, o evento busca compreender as criações e a vida do costureiro, a partir de análises apoiando-se na História da Moda, nos contextos sócio-políticos e culturais da época. Eduardo Laurino, conhecido pela assinatura dos principais adereços de cabeça da SPFW (São Paulo Fashion Week), e do extinto Fashion Rio, inicia a discussão da palestra com a carta de despedida do YSL em 2002, para, a partir daí, mostrar a sua importância como criador para a Moda do século XX. Partindo da Filosofia, Brunno Almeida Maia, elabora o conceito filosófico de exílio, para evocar a importância da condição de estrangeiro e expatriado de sua terra, e em como o distanciamento emocional e geográfico possui a potência da melancolia criativa.
“Para a discussão, podemos pensar no atual fluxo imigratório dos sírios, haitianos, africanos e tantos outros. Desde a segunda grande guerra, nunca o mundo passou por um processo de deslocamento tão grande. Isto significa que devemos compreender a situação, também, sob o viés da potência criativa do Estrangeiro. Sua ‘beleza’ é ser capaz de deslocar não somente a visão de sua Terra, por uma imposição de terríveis circunstâncias, mas no contato com o outro, deslocar o próprio pensamento, como um nômade. Neste ponto estamos na Filosofia”, problematiza Almeida Maia, que ainda abordará assuntos como abertura da boutique Saint Laurent Rive Gauche, em 1966, as barricadas do Maio de 1968 francês, o processo de criação de YSL, a partir do método surrealista de colagem, a relação entre a arte e a moda, as inspirações da literatura de Marcel Proust, a paixão e o ópio como alargamento da razão, a partir de autores como o filósofo, ensaísta e crítico alemão Walter Benjamin, e o poeta de “As Flores do Mal”, Charles Baudelaire.
Nascido na Argélia em 1936, país da África do Norte, que na época ainda pertencia aos domínios da França, Yves Henri Donat Mathieu-Saint Laurent estreou na alta-costura parisiense no início dos anos 60, como comandante da Maison Dior. Após rompimento com a casa que consagrou oNew Look, o costureiro abre sua própria boutique, ao lado do companheiro Pierre Bergé. Extemporâneo, YSL foi reverenciado pelo sucesso comercial da marca, das franquias e produtos de licenciamento, além de ter legado ao mundo da moda um universo de imagens com coleções icônicas como a “Mondrian”, “Libertação”, “África” e “Rússia Ballet e Ópera”. Mesmo com a cidadania francesa, uma vez que era franco-argelino, a arte do mestre soube absorver o olhar na condição de “exilado” e estrangeiro de sua própria terra, unindo as formas e gestos do corpo da mulher francesa, com culturas inteiramente outras.
Indagado por repórteres se aceitaria a convocação para participar como combatente na Guerra da Argélia, que provocou a sua independência em 1956,
Saint Laurent foi categórico: “Fazer vestidos é a minha luta”. Pode soar despolitizada a resposta, se não entendermos a dimensão em que ela se inscreve. Pertencendo a “magnífica e lamentável família que é o sal da terra” (Proust), o costureiro optou em ficar na vida como ato heroico de resistência.
“Último romântico da alta-costura, mas primeiro de uma nova era que se instalava na Moda, com o prêt-à-porter, YSL foi, sem exageros, um poeta, que soube gravar a graça da beleza transitória no coração da verdade de uma época. Sua barricada era a do desejo, que exige como ato final o direito pelo sonho, nem que isto custe descer ao inferno para roubar dos deuses a beleza perdida”, finaliza o duo Brunno Almeida Maia e Eduardo Laurino, que desde 2013 pesquisa a relação entre a Literatura e a Moda, com publicações, oficinas, cursos, palestras e workshops em espaços como Sesc Consolação, CPF – Centro de Pesquisa e Formação Sesc SP, Oficinas Culturais Oswald de Andrade, Oficina Cultural Casa Mário de Andrade e Escola São Paulo.
As inscrições para a palestra estão abertas até o dia 04 de dezembro, ou até o fim das vagas. Para participar basta enviar um e-mail para
bibliaspa@gmail.com, confirmando nome, telefone para contato, e-mail, área de atuação e como soube do evento.
SERVIÇO:Palestra “O último romântico: YSL, a criação, a melancolia e o amor”.
Com Brunno Almeida Maia (UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo) e Eduardo Laurino (FASM_ Faculdade Santa Marcelina).
Data: 09 de dezembro de 2015 (quarta-feira).
Horário: 19h.
Entrada colaborativa: R$ 15,00
Vagas: 30 (trinta e cinco).
Inscrições: até 04 de dezembro (ou até o fim das vagas), por e-mail, confirmando nome, telefone para contato, e-mail, área de atuação e como soube do evento.
ONG BibliASPA – Biblioteca Centro de Pesquisa América do Sul – Países Árabes
Endereço: R. Baronesa de Itu, 639 – Santa Cecília, São Paulo – SP, 01231-001 – Prox. Ao metrô Marechal Deodoro.
Telefone: (11) 99609 3188 (de terça a sábado, das 10h às 19h)
Horário de Funcionamento: de Terça a Sábado, das 10h às 19h.
Como chegar: www.bibliaspa.org/localizacao-e-contato/Não possui estacionamento no local.
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