Preparamos uma série sobre mulheres que fizeram moda e mudaram a forma de ser mulher na sociedade. Aqui temos como objetivo pensar a moda criada na Europa durante o século XX por mulheres. Elas mudaram a forma de ser mulher na sociedade ocidental.
Não desprezamos a importância da criação japonesa, nem da norte-americana no cenário da moda contemporânea, nossa intenção é apenas mostrar a presença feminina num mundo que é conhecido quase exclusivamente como posse dos grandes costureiros e das Maisons.
Gabrielle Chanel (1883 – 1971)
“Elegância é tudo aquilo que é belo, seja no direito seja no avesso.”
“A natureza lhe dá o rosto que você tem aos 20. A vida lhe desenha o rosto dos 30. Mas, aos 50, é você quem decide o rosto que quer ter.”
A ligação de Chanel com o mundo da moda começou em 1910, em Deauville, onde passou a trabalhar em uma loja de chapéus. Coco, maneira como era chamada pelos – poucos – amigos, criou os alicerces de uma elegância feminina única, ao longo de uma vida em que o trabalho sempre ocupou o lugar principal.
O estilo do século 20, no que teve de mais funcional, feminino – sem os exageros que o conceito costuma trazer – e no que teve de absolutamente, irremediavelmente elegante, levou a assinatura de Chanel.
Em quatro anos, já era dona de duas lojas do gênero, uma na mesma cidade de Deauville, outra em Paris. Além dos chapéus, as primeiras roupas concebidas por ela começavam a aparecer, desde o início revelando aqueles que seriam os traços marcantes em todas as suas criações: a simplicidade e o conforto. Assim, foram surgindo vestidos chemisiers soltos, amplos cardigãs, peças em jérsei – tecido que até então só era utilizado na confecção de roupas íntimas – e twinsets que o tempo se encarregaria de elevar ao patamar de clássicos.
Peças do guarda roupa masculino e pérolas estavam entre as suas principais marcas
“Há pessoas que têm dinheiro e pessoas que são ricas.”
“Uma mulher precisa de apenas duas coisas na vida: um vestido preto e um homem que a ame”
“Vista-se mal e notarão o vestido. Vista-se bem e notarão a mulher.”
Sem qualquer preconceito, Chanel adotou o suéter masculino usado sobre saias lisas e retas e, em 1920, deu um de seus golpes mais ousados, lançando calças masculinas para mulheres, inspiradas nas calças de boca largas usadas por marinheiros.
Suas inovações, de fato, retocaram toda a silhueta feminina. O novo comprimento de suas saias mostrou os tornozelos das mulheres, cujos pés passaram a contar com sapatos confortáveis de bicos arredondados. Pérolas em especial, e bijuterias em geral, ganharam lugar de destaque entre os acessórios, cachecóis enrolaram-se com classe nos pescoços das mulheres e seu corte de cabelo tornou-se simétrico, reto, mostrando a nuca – o eterno corte Chanel.
Também eternos tornaram-se o “pretinho”- vestido reto, simples, num bom tecido de cor preta que, como ensinou Chanel, é a elegância em qualquer situação – e seu Chanel nº 5, até hoje o perfume mais vendido em todo o mundo. E ninguém pode se esquecer das práticas bolsas a tiracolo, pura inspiração Chanel, ainda mais nos modelos em matelassê, com correntes douradas.
“Sou contra a moda que não dure. É o meu lado masculino. Não consigo imaginar que se jogue uma roupa fora, só porque é primavera.”
“Para ser insubstituível, deve-se sempre ser diferente.”
Ela era a própria figura da garçonne – mulher magra, de cabelos curtos lembrando os de um menino – e seu sucesso decolou definitivamente ao longo da década de 20. Em 1929, Chanel criava em Paris uma butique especial para a venda de seus acessórios. Um ano depois ia para os Estados Unidos, onde desenhou roupas para diversos filmes da United Artists. De volta à França, dedicou-se basicamente à sua confecção, até 1939.
Com o início da 2ª Guerra Mundial, porém, Chanel decidiu fechar seu salão parisiense, que só seria reaberto em 1954. Ela estava então, com 71 anos e seu prestígio permaneceu intocado. Suas criações continuavam a ser uma direção segura para a elegância da melhor qualidade. Dando ênfase à criação de acessórios, visualizando o futuro de sua linha de perfumes e cosméticos, insistindo sempre no corte impecável de suas roupas e em suas cores básicas – o cinza, o azul-marinho e o bege, além do predileto preto.
“A moda sai de moda, o estilo jamais.”
“Não importa o lugar de onde você vem. O que importa é o que você é. E quem você é? Você sabe?” (Coco Chanel)
Verdadeira lenda, Chanel mantém milhões de fiéis seguidoras em todo o mundo, mulheres que não deixam de reconhecer nas criações que levam seu nome, atualmente criadas pelo estilista alemão Karl Lagerfeld, uma classe inigualável.
Avaliação que ela certamente aprovaria: só, apesar de alguns amores ao longo da vida e de um grande amor, Boy Capel, Chanel não teve filhos. O estilo que criou foi sua maior paixão. Adorava ser copiada, chegava a abraçar os camelôs de Paris que vendiam o “falso Chanel” pelas esquinas. Era uma incorrigível mentirosa e entre as muitas frases proferidas no salão da Rue Cambon e no hotel Ritz, onde morava, que ganharam o mundo, há uma que é certamente sua própria definição: “Foi a solidão que temperou meu caráter, que é mau, bronzeou minha alma, que é orgulhosa, e também meu corpo, que é sólido”.
“O luxo tem que ser confortável ou não é luxo.”
“O conforto possui formas. O amor cores. Uma saia é feita para se cruzar as pernas e uma manga para se cruzar os braços.”
“O dinheiro nunca significou muito para mim, mas a independência (conseguida com ele), muito. (Coco Chanel)
“Uma moça deve ser duas coisas: elegante e fabulosa.”
“O que conta não são os quilates, mas o efeito. “(Coco Chanel)
Uma das primeiras campanhas do Chanel nº5 – Foto de R du Jour
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