Sinopse:
Sete anos após os eventos de Invocação do Mal (2013), Lorraine (Vera Farmiga) e Ed Warren (Patrick Wilson) desembarcam na Inglaterra para ajudar uma família atormentada por uma manifestação poltergeist na filha. A trama é baseada no caso Enfield Poltergeist, registrado no final da década de 1970.
Esqueça todos os casarões assombrados. Apague da mente as escadarias sombrias, as janelas altas e as cortinas pesadas. Delete os candelabros, o terreno isolado e a mansão no topo da montanha. Em Invocação do Mal 2 a assombração está ali na casa do vizinho, do lado da sua, do outro lado da rua, numa cidade qualquer.
Em 2013 o fenômeno do primeiro Invocação do Mal levou milhares de pessoas aos cinemas e colocou um pouquinho mais de dinheiro nos bolsos de James Wan. O criador de franquias como Sobrenatural e Jogos Mortais se desviou de suas fixações ao dirigir o bilionário Velozes e Furiosos 7 mas retoma a mão na excelente sequência da história de Ed e Lorraine Warren, o casal real que exorcizava demônios nos Estados Unidos na década de 70.
Se o filme anterior deixava a deixa para a exploração dos acontecimentos de Amityville, este salta no tempo e, talvez pela história já ter sido explorada o suficiente no cinema, vai para eventos seguintes, começando justamente quando o casal deixa Amityville e centrando nos eventos de um pequeno bairro de Londres no auge da crise econômica que causava desemprego e pobreza generalizados.
James Wan retoma as espetaculares viagens de câmeras, passeando entre cômodos enquanto nos leva como testemunha da vida daquela família comum: uma mãe com quatro filhos pequenos, abandonada pelo marido e sofrendo para sustentar a casa e as crianças. É esta família que será atacada pelo mal, na figura da menina mais nova, Janet, de 11 anos. E, apesar de afirmarem que não querem mais, é esta família que Ed e Lorraine irão ajudar.
Se a primeira parte já era eficiente, esta sequência é tanto quanto. Ou até mais. Ao situar a história em um lugar comum (como a nossa própria casa) em um bairro e cidades comuns e em uma família comum, Wan coloca o mal do nosso lado, inserido em nossa realidade. Os sustos são planejados? Sim, e nos pegamos rindo de nós mesmos por saltar na cadeira mesmo sabendo disso. É por isso que funciona.
Mas sustos não são as únicas coisas importantes em um filme do gênero. A tensão e o medo são palpáveis durante todo o longa e cenas “cruas” (como a horripilante sequência com os crucifixos) debatem de igual pra igual com outras criadas em CGI e com os passeios de câmera de Wan por cômodos e corredores. A direção de arte é tão presente e importante quanto quaisquer outros elementos do filme e só agrega às interpretações fenomenais (com o perdão do trocadilho) de Patrick Wilson, Vera Farmiga e Frances O’Connor. Poucos momentos em Invocação do Mal 2 fazem com que percamos a concentração, que desviemos o olhar da tela. E, ao contrário, várias são as ocasiões em que nos pegamos prendendo a respiração na poltrona. Se o filme não consegue escapar de alguns clichês (o que é praticamente impossível), consegue novamente criar cenas sensacionais, como a entrevista em um único take que Patrick Wilson faz com o fantasma.
Mas então por que Invocação do Mal 2 é um filme acima da média? Porque Wan sabe brincar com seu público. Sabe criar a cena perfeita (visual e artisticamente) e o clima praquele susto que a gente sabe que vai vir, tem certeza que vai vir, mais um pouquinho e ele aparece, e quando a gente desiste… pula na cadeira. O diretor nos manipula direitinho e a cada momento que a gente pensa “vai sair um fantasma daquela porta”, ele não vem. Mas pode vir na seguinte. Ou não. Ficamos esperando pelo susto e isso traz a tensão pra tela de forma irrecuperável.
Só que não é só isso. Ao contrário da maioria dos filmes do gênero, este não se foca somente no exorcismo, no fantasma. Como se fossem duas histórias paralelas, testemunhamos acima de tudo, um amor. O amor de Lorraine e Ed, que prova ser a mola propulsora de seu trabalho e sim, será a grande tábua de salvação. Invocação do Mal 2 pode não virar um clássico do cinema, mas está muito acima de diversas produções genéricas que surgem de quando em quando. E isso, por si só, já é muito mais do que vários filmes por aí conseguem.
Apesar do roteiro “seguro”, você mal vai perceber as mais de 2h de filme passando, pois o enredo vai te prendendo conforme ganha velocidade, até você se sentir completamente assombrado na reta final da história.
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