terça-feira, 15 de setembro de 2015

Resenha: O Circo da noite.


DICA: não leia a sinopse deste livro. Sério! Graças aos céus só li depois de terminá-lo, o que impediu que eu criasse expectativas que não seriam cumpridas e que soubesse de coisas que considero spoilers. Isto posto… Vamos ao que interessa. :)

Posso resumir O Circo da Noite em uma só palavra: mágico. O circo chega sem aviso e está lá, quando ontem não estava. Abre ao anoitecer e fecha ao amanhecer. Suas tendas listradas de branco e preto guardam surpresas inimagináveis, sabores marcantes e momentos inesquecíveis.



Tudo começa quando dois velhos amigos se encontram e decidem, mais uma vez, iniciar uma disputa intermediada por dois representantes escolhidos a dedo. Próspero, o Mágico, e seu amigo de terno cinza estão animados e os preparativos logo começam. Não basta ter dois “combatentes”, é preciso ter o lugar certo.

E é aí que Monsieur Lefèvre, Madame Padva, Sr. Barris e as irmãs Burgess – com a especial ajuda do relojoeiro Herr Thiessen – entram na conversa. Juntos, eles criam o mais fantástico e maravilhoso circo que já existiu, Le Cirque des Rêves [O Circo dos Sonhos].

Um lugar fantástico, todo em preto e branco, repleto de atrações quase surreais e tendas quase impossíveis de existir fora da imaginação. Este é o cenário que junta Celia e Marco, ilusionistas, magos, bruxos, mágicos… Chame como preferir! Oponentes, mesmo que ela ainda não saiba, vão complementando o trabalho um do outro e sempre se superando na direção das mais incríveis realizações. Os dois sabem que estão competindo, mas não sabem bem o motivo ou quando e como tudo termina. Enquanto isso se contentam em criar e manter o Circo funcionando.

Só que, claro, dois belos e talentosos jovens acabam se apaixonando. Só que não acompanhamos esse amor nascer e crescer. Na verdade, acompanhamos seu desenvolvimento através das tendas criadas e das poucas oportunidades que têm para estarem juntos.

E isso foi um ponto que considerei fraco no livro. Apesar de o romance não ser o foco principal da história, a impressão que tive é que aconteceu porque tinha que acontecer, para dar uma pitada de drama à situação. Forçado, ainda que depois tenha atribuído muito sentido ao final do livro.

O Circo da Noite foi uma leitura lenta, mas não arrastada. É como se a história tivesse um ritmo próprio, como o do Circo. Só que, por conta disso, demorei para chegar até a página 100. Depois deste ponto a leitura andou com mais facilidade, especialmente depois da entrada de Bailey e dos gêmeros Murray.

Outro ponto que me dividiu foi o fato de cada capítulo se passar em uma época. Às vezes estamos em 1901 e, no capítulo seguinte, em 1902! E, no próximo, voltamos para 1901! Isso me fazia ter que voltar sempre ao início do capítulo anterior para conferir as datas e situar tudo na minha cabeça.

Só que esse ponto contra deu oportunidade de acompanharmos a história por diferentes pontos de vista. Então, apesar de ter que voltar toda hora pra conferir as datas, acho que deu um toque diferente. Especialmente quando você já sabia o que ia acontecer, mas não sabia como! XD

E aqui, mais uma vez, destaco Bailey. Em determinado ponto sua história me motivava muito mais a continuar do que a história de Celia e Marco, apesar das três estarem envolvidas e diretamente ligadas ao Circo.

O fato é que o verdadeiro protagonista do livro é o próprio Circo. É nele e por ele que as coisas se desenvolvem e nos envolvem. Ali sonhamos, realizamos, interagimos e aproveitamos cada segundo, desejando que não acabe nunca – daí surge o grupo de “sonhadores” oficiais, um grupo interessantíssimo!

Le Cirque de Rêves é uma mistura completa de sonho e realidade, onde você não tem certeza do início de um e do fim da outra. Uma viagem lenta, que soa mais como uma exploração, com um final bacana e igualmente mágico.

Para quem espera um romance, lamento dizer que isso é apenas um acessório [e às vezes até mal colocado] da história. O amor mais importante ali é o que os personagens sentem pelo Circo. Tampouco é um livro de ação [ela é quase nula, na verdade], mas – apesar do que a sinopse propôs – não penso que essa tenha sido a ideia da autora.



Erin Morgestern escreve de uma maneira envolvente, mas tenho consciência que não será unânime na opinião dos leitores. Discordo que o livro tenha potencial para ser um meeeeeeega sucesso como outros que vemos por aí, justamente porque tenho CERTEZA que não é uma história que agrada a qualquer um.

Mas se você ficou ao menos curioso, se a vontade de conhecer esse mundo mágico bateu – mesmo que de leve -, dê uma chance. Você pode terminar a leitura e achar morna, apenas com um pano de fundo interessante e nada mais… Mas você também pode se apaixonar e se deixar levar por toda a magia que a história proporciona.

Confesso que eu fiquei no meio termo. Não detestei, bem longe disso… Mas também não amei loucamente. Terminei de ler com um sorriso, me sentindo satisfeita por ter lido, conhecido o Circo e seus personagens exóticos e especiais. E posso não ter me tornado uma rêveur, mas certamente farei outra visita às tendas no futuro. :)
Beijos


Jusley.

Nenhum comentário:

Postar um comentário