“No mundo da moda, a edição anual de setembro da Revista Vogue é uma autêntica bíblia, que dita os rumos da industria. Por trás da revista, está sua editora, Anna Wintour, figura poderosa e polarizadora de opiniões. Em 2007, ela se prepara para lançar a maior edição de setembro já feita. Entre Fashion Weeks, takes de fotos e reuniões sigilosas e estressantes, a editora, a diretora artística Grace Coddington e toda a equipe embarcam numa incessante jornada de nove meses. A relação entre Wintour e Coddington revela a delicada química responsável pelo sucesso inabalável da revista.”
Recentemente eu assisti ao documentário “The September Issue” (A Edição de Setembro), que mostra os bastidores da revista Vogue durante a produção da edição de setembro de 2007, a maior edição da revista até então. Historicamente, a edição de setembro da Vogue é a mais importante do ano, com maior número de páginas, anúncios e artigos. Setembro é visto como o começo do ano no calendário das revistas de moda, principalmente no hemisfério norte, pois a chegada do outono e as preparações para o Natal acabam atraindo mais a atenção dos leitores e consequentemente, dos anunciantes.
Vogue – A Edição de Setembro é o documentário que mostra a “vida” de Anna Wintour e sua equipe dentro da redação da Revista Vogue, na preparação de edição de Setembro, a mais importante edição do ano. Para quem não conhece, a Revista Vogue é a revista de moda que mais vende no mundo. E a edição de Setembro é a mais importante do ano, não só para Vogue mas todo o mundo da moda, porque Setembro é como o Ano-Novo para "nós".
No documentário vemos que, apesar da edição ser lançada só em setembro, a produção dos artigos e editoriais começa meses antes. As duas “personagens” principais do filme são a diretora de criação da revista Grace Coddington e a famosa Anna Wintour. Mesmo quem não é ligado no mundo da moda já deve ter ouvido falar de Anna Wintour, editora-chefe da Vogue americana e a grande inspiração para a personagem de Meryl Streep, em O Diabo Veste Prada.
O que mais chama a atenção, de fato, são as pessoas. Além da lendária Anna, com sua fama de má e fria (um tanto quanto exagerada, eu diria), há Grace Coddington que, com sua personalidade e coragem para enfrentar a editora, rouba a cena. Sem contar os grandes estilistas e fotógrafos que dão o ar de sua graça, como Oscar de La Renta, Vera Wang, Mario Testino, Jean-Paul Gaultier, John Galliano e Karl Lagerfeld. É curioso ver essas pessoas notórias no dia-a-dia de trabalho, sem flashes pipocando e superproduções.
Agora se você acha que o filme é cheia de Voguettes de 20 anos andando num salto 18, esqueça, não tem nada disso, a grande estrela do filme (mais que Anna) atende pelo nome de Grace Coddington, diretora-criativa da revista. Ela é responsável pelo editorias fantásticos e que segundo a própria, sempre tem a intenção de ser um conto de fadas e fazer a pessoa sorrir e sonhar. Grace, que começou a carreira como modelo e entrou no mesmo dia que Anna na Vogue, é seu oposto, cheia de paixão, demonstra mais afetuosidade e “empolgação” no seu serviço. Ela sempre bate de frente e é a única que discorda de Anna, os momentos tensos do filmes estão sempre com ela, que por muitas vezes parece que vai quase "matar" Anna, mas no final, uma sempre reconhece o trabalho da outra.
Essa foto acima é o exemplo do poder de Grace. O cameraman em questão é o que filmou o documentário e que foi convidado por Grace pra aparecer nesse editorial (com a Trentini). Quando Anna viu a foto, falou (brincando) que ele precisava malhar e mandou photoshopar a barriga do coitado, mas depois surge Grace que diz que de perfeita bastam as modelos, nada de photoshop nele, e assim foi feita a vontade da gênia (segundo a própria Anna).
Também é curioso perceber o poder que uma única pessoa, Anna, tem em suas mãos. Em cinco minutos ela decide quais serão as peças-tendência que deverão receber atenção e, por conseqüência, influencia toda a indústria da moda. Curioso e um pouco assustador. Ao mesmo tempo, também nos é mostrado um pedacinho da sua vida particular, mais “humana”, como a relação com sua bela filha, Bee Shaffer – que ironicamente não quer seguir os passos da mãe.
Fora a parte mais “fofoca” do documentário, que mostra mais de perto a vida da Anna Wintour, eu achei incrível poder acompanhar toda a produção da revista, como eles pensam cada artigo e a revista como um todo, onde vai cada editorial, qual a ordem das matérias e, o mais importante, qual será a foto da capa. Mesmo uma semana antes do lançamento da revista eles ainda refazem fotos e reescrevem artigos.
Acho que o documentário é super válido, não só para entusiastas da moda como eu, mas qualquer pessoa que tenha algum interesse nesse mundo, que às vezes pode parecer fútil. Fica claro que o esforço, dedicação e talento colocado em uma edição da revista Vogue, ou qualquer outra grande revista de moda, é tão grande quanto o de qualquer outra publicação jornalística. Vale a pena assistir!
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