sábado, 13 de agosto de 2016

FILME: MOGLI - O MENINO LOBO


Logo no início, somos apresentados a um garotinho que convive harmoniosamente com vários animais em uma floresta. Existe a lei da selva, em que animais predadores matam para se alimentar de outros animais. Embora isso não seja mencionado explicitamente, fica bastante claro quando vemos o momento sagrado de união de todos os bichos, quando eles param tudo para beber água em um rio perto da chamada Pedra da Paz.


O clima fica tenso com a chegada do tigre-de-bengala Shere Kan (dublado por Idris Elba), um animal terrível que guarda uma cicatriz no rosto deixada por um humano. Ele tem um especial interesse em matar o pequeno Mogli (Neel Seth), que vê como uma ameaça à selva – os humanos são vistos como responsáveis diretos pela destruição da natureza, com certa razão.


O garoto, ainda bebê, fora resgatado pela pantera Baguera (dublado por Ben Kingsley) e foi adotado com carinho em uma alcateia de lobos. Raksha (dublada por Lupita Nyong’o), a mãe-lobo, é mostrada como extremamente carinhosa e preocupada com o filho adotivo.


Para não deixar sua alcateia em risco, Mogli acaba sendo levado por Bagheera para a aldeia dos homens, mas o caminho é perigoso, além da ameaça do eminente ataque de Shere Khan, a floresta oferece muitos riscos.


Logo no inicio do filme podemos notar que o tom dele é bem mais adulto. Mesmo tendo um enredo considerado infantil, fica claro que a Disney quis oferecer uma obra leve que agrade também (ou mais) os pais. A carga mais pesada na construção das cenas deixa o espectador apreensivo durante quase todo o longa, sendo aliviada apenas nas aparições do conhecido e amado Baloo (voz de Bill Murray). Ainda assim, a emoção é o grande destaque. Essa carga pesada serve para deixar a obra ainda mais emocionante, principalmente para os adultos.


Por ser um filhote humano, Mogli consegue sobreviver e vencer corridas ou chegar a atalhos através de truques produzidos por sua inteligência e não imitando os lobos. Aliás, esse aspecto é a introdução do personagem na narrativa.


Depois é que vamos sabendo mais detalhes sobre suas origens naquele lugar reservado aos animais. Nas leis da selva, também vamos sabendo mais detalhes sobre como são vistos os elefantes, e somos também apresentados à fascinante e assustadora jiboia Kaa (dublada desta vez por uma mulher, Scarlett Johansson).


A nova versão da história não se distancia tanto do clássico de 1967, já que mantém algumas canções, ainda que poucas. E uma ou duas parecem um pouco deslocadas dentro da busca de um maior realismo nesta nova versão, como na cena em que o orangotango gigante Rei Louie (dublado por Christopher Walken) canta “I Wanna be Like You”. A cena da canção acaba dando um ar um tanto grotesco e diminui a força do medo que o imenso personagem é capaz de trazer.


Falando em intérpretes e canções, como não admirar o trabalho de Bill Murray como o urso Balu? Inclusive, ao ver o filme em sua versão original legendada, é de se lamentar que alguém o veja dublado, sendo privado de perceber a perfeita conexão entre Murray e Balu, como se o personagem fosse criado especialmente para ser interpretado por ele, em seu misto de preguiça e esperteza.


O filme, aliás, talvez não seja muito apropriado a crianças muito pequenas, pois pode assustá-las. Especialmente por causa da violência de Shere Kan e das cenas de luta física entre os animais. E mais: se um dia você sonhou em ver RIO VERMELHO, de Howard Hawks, no cinema, por causa da cena da manada de bois, não deixe de ver MOGLI: O MENINO LOBO no cinema, especialmente em IMAX 3D: há uma cena de manada de búfalos que é impressionantemente linda. Poucos filmes no cinema contemporâneo feitos em Hollywood podem fornecer tal grau de força e maravilhamento, e com um uso de 3D que faz a diferença. Porém, como há muitas cenas escuras, o ideal é procurar ver na melhor sala 3D disponível em sua cidade, caso não seja possível ver em IMAX.


Enfim, Mogli: O Menino Lobo ao não apostar unicamente na nostalgia, apesar de termos alguns momentos incríveis que fazem menção ao original, nos traz algo novo, inesperado e capaz de agradar igualmente crianças e adultos. Por isso, pode ser considerado um dos grandes acertos recentes dos estúdios Disney e merece ser conferido nos cinemas.


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