sábado, 6 de fevereiro de 2016

Filme: Intocáveis.


O filme francês foi inspirado em fatos reais e acontece na cidade de Paris onde um tetraplégico rico procura alguém que possa trabalhar como seu cuidador, aí começa um relacionamento certamente incomum quando surge um rapaz dono de uma grande autoestima (Driss), que contrasta com os demais pretendentes que observavam apenas o óbvio e limitado paciente em sua cadeira de rodas. 



A compaixão passiva, quando a piedade passa a limitar a visão sobre o outro, não é a ideia de Driss, interpretado por Omar Sy, negro, pobre que inicialmente nem se interessava pelo emprego, mas seduzido pela casa do milionário resolve experimentar trabalhar com Philippe (François Cluzet), com uma história de vida completamente diferente da sua, fazendo com que esse relacionamento inicialmente improvável se transforme em uma troca de experiências e uma amizade verdadeira entre dois opostos.


Driss é contratado por Philippe para ser seu assistente pessoal, cuidando de suas necessidades básicas e o ajudando em determinadas tarefas que são impossíveis para um tetraplégico. Apesar de inicialmente Driss nem estar interessado nesse trabalho e não ser nada indicado para cuidar de alguém com uma condição tão frágil, Philippe decide dar ao rapaz uma chance.


 Essa chance dada não foi porque ele viu um potencial no jovem ou por razões humanísticas, mas simplesmente porque Philippe estava cansado de ser tratado de forma “cuidadosa”, como se ele fosse quebrar a qualquer momento. Driss o tratava normalmente, falava com ele fazendo piadas e muitas vezes até esquecia a sua real condição física. Isso fazia com que Philippe se sentisse mais humano e mais vivo.


As coisas fluem tão bem que Philippe e Driss não se tornam apenas bons amigos, como também se transformam como indivíduos. Neste caso, o drama biográfico de Philippe Pozzo di Borgo, um herdeiro e executivo bem-sucedido vítima de um acidente de parapente que o deixou imóvel do pescoço aos pés. Encontrou no argelino Abdel o amigo ideal para encarar a vida após a irreversível tragédia com mais otimismo.


Com o tempo, os medos e as fraquezas dos dois acabam se revelando. Philippe, à primeira vista, parece ser forte e compreensivo com a sua condição, mas logo percebemos uma dose de insegurança que ele parece tanto tentar esconder. 


Quando, por exemplo, ele não tem coragem de enviar uma foto sua na cadeira de rodas para uma mulher com quem se corresponde por cartas e que nunca o viu pessoalmente. Já Driss, que parece ser um inconsequente no início, acaba se revelando um homem de extrema bondade e com um grande coração. Não só no tratamento com Philippe, mas também em relação aos seus problemas familiares e com o seu próprio futuro e o de sua família.


“Intocáveis” é daqueles filmes que fazem você se sentir leve e esperançoso. Um dos poucos filmes em que não vi uma pessoa sair do cinema sem um sorriso no rosto. Um filme que mistura drama sutil com humor inteligente e piadas certeiras, e que representa uma quebra de paradigmas para o cinema francês e, principalmente, para a conscientização das pessoas a respeito da inclusão. Porque inclusão social eficiente é enxergar o outro além da deficiência. Não há limitações para um coração cheio de sonhos. O resultado é infalível, pois além de ser a produção francesa mais assistida nos cinemas, “Intocáveis” é também um dos melhores filmes de 2012. É um filme incrível onde eu acho que todo mundo deveria assistir pelo menos uma vez. rs


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