sábado, 10 de dezembro de 2016

FILME - O LAR DAS CRIANÇAS PECULIARES


Sinopse:
Após a estranha morte de seu avô (Terence Stamp), o jovem Jake (Asa Butterfield) parte com seu pai para o País de Gales. Lá ele pretende encontrar a srta. Peregrine (Eva Green), atendendo ao último pedido do avô, que lhe disse que ela contará tudo. Só que, ao chegar, descobre que o local onde ela viveria é uma mansão em ruínas, que foi atingida por um míssil durante a Segunda Guerra Mundial. Ao investigar a área, Jake descobre que lá há uma fenda temporal, onde a srta. Peregrine vive e protege várias crianças dotadas de poderes especiais.


Jacob (Asa Butterfield) é um jovem que quando pequeno sempre acreditou nas histórias fantásticas de seu avô (Terence Stamp), mas conforme foi crescendo sua fé nelas acabaram por completo, exatamente como as crianças deixam de acreditar em Papai Noel ou Coelhinho da Páscoa. No entanto, quando seu avô morre misteriosamente, Jacob fica bastante desconfiado de que no fundo as histórias sempre foram verdadeiras.


Depois de ler uma carta da Miss Peregrine (Eva Green) para seu avô e aconselhado pela psiquiatra, Jacob embarca com seu pai para uma ilha pouco habitada a fim de encontrar o orfanato em que seu avô viveu, mas descobre que o lugar foi bombardeado durante a Segunda Guerra e ninguém sobreviveu. No entanto, a partir do segundo ato do filme, Jacob começa a explorar o local e assim descobre uma fenda que o leva para a época em que todos do orfanato ainda estão vivos.


Peregrine, a diretora do Orfanato, consegue criar um fenda no tempo, reiniciando o dia do bombardeio e assim as crianças nunca envelhecem. Junto com Jacob vamos conhecendo as peculiaridades de cada um e os inimigos que os perseguem, os etéreos, criaturas que se alimentam dos olhos dos peculiares. Descobrimos que Jacob não é um garoto tão comum como ele pensa que é, sendo o único que pode salvar as crianças de seus perseguidores.


Jane Goldman e Tim Burton conseguiram explorar bastante as peculiaridades de cada um, como Emma (Ella Purnell) que flutua e precisa usar sapatos de chumbos para permanecer no chão, sendo o par romântico do protagonista. Porém, de um tudo um pouco existe no orfanato: o manejo da terra, criação de fantoches, invisibilidade, grande força e peculiaridades mais estranhas como ter uma boca na nuca, projetar seus próprios sonhos, entre outros.


Eu não li o livro, mas sei de algumas coisas a respeito da obra. Em primeiro lugar, assim que o filme começa, este explica que é apenas baseado no livro, ou seja, quem for assistir a trama irá se deparar com algumas diferenças, afinal, quando um filme é apenas “baseado”, significa que ele não tenta de forma alguma ser fiel a obra original. Apenas a base do roteiro faz referência à obra, tendo o direito de fazer qualquer mudança. É exatamente isso que acontece em O Lar das Crianças Peculiares.


Mesmo sem ler o livro, no geral, o filme agrada, mas esperava um pouco mais de obscuridade e ação. O filme serve apenas de introdução para ajudar o espectador a entender quem são os personagens, como funcionam essas peculiaridades e a finalidade da existência desse orfanato. Os efeitos especiais não são exagerados e funcionam muito ao retratar o lado sobrenatural e fantástico da obra. Porém, a estética de Tim Burton não é muito vista aqui, uma vez que o diretor é conhecido por criar um universo mais obscuro, tragicômico, com humor negro e ácido. Por se tratar de personagens excêntricos, Burton poderia ter aplicado muito mais da sua estética particular nesta obra. Não ficou ruim, mas comparado aos demais filmes do diretor (O Estranho Mundo de Jack, Alice No País das Maravilhas, Edward Mãos de Tesoura), o público poderia ver mais das particularidades de Burton.


Além disso, outra coisa que me incomodou foi o espaço desequilibrado dado para cada personagem. A obra fala sobre crianças peculiares, certo? Nada mais justo do que mostrar o que essas crianças são capazes de fazer! Isso acontece, mas para alguns acontece tardiamente. Um exemplo são os irmãos gêmeos cujo poder é sensacional (assiste para saber qual é), porém é pouco utilizado quando, na verdade, eles poderiam até roubar a cena do protagonista. Entendem o que eu quero dizer?


Das crianças, quem se destaca é Emma (Ella Purnell), pelo seu jeito doce e determinado, além da sua peculiaridade ser fantástica: ela tem o poder do ar e de voar. É sensacional. Só que acompanhamos mais o entrosamento dela com Jake do que vemos o que ela capaz de fazer. Apenas duas cenas em que ela usa seu poder são muito boas.


As demais crianças são fofas e maravilhosas, como Oliver, Enoch, Bronwyn, Dylan, os irmãos gêmeos, entre outros. Como disse, o momento de mostrar o quão poderosos eles podem ser foi tardio. E mesmo tardio, a cena em que eles lutam contra os vilões é muito boa.


O final é satisfatório e aberto, o que significa que o filme poderá ter uma continuação, afinal, a obra de Ransom Riggs é uma trilogia. Ou seja, talvez haverá filmes baseados na obra Cidades dos Etéreos e Biblioteca das Almas. No geral, O Lar das Crianças Peculiares é um filme bom que pode agradar não só adultos como também as crianças. Quem leu o livro, talvez se incomode com as diferenças que o filme apresenta. E mesmo quem não leu, também pode se incomodar por não ver mais dessas crianças peculiares, da própria Srta. Peregrine e a estética mais sombria de Tim Burton.


Nenhum comentário:

Postar um comentário